sexta-feira, 12 de novembro de 2010





Fui Enfeitiçado

        Lá em Paraty, fui ver animais sem vertebras que moram na água do mar. Durante essa viajem aprendi a andar de escuna, tirar belas fotos, registrar momentos, e escrever sem medo. Lá em Paraty fui enfeitiçado, mas tudo bem, ser enfeitiçado não é tão ruim assim..
Os invertebrados lá das águas do mar de Paraty tem muita sorte, suas águas são verdes e critstalinas ao mesmo tempo, não sei muito bem como, mas aquilo é muito chique! Entre os invertebrados marinhos de Paraty, reparei em especial nos ouriços do mar, nas estrelas do mar, e toda a comunidade la dos recifes de coral (não estou falando da serpente conhecida pelo nome de Coral). É chique demais para os homens, se nós humanos vivessemos num ambiente de mar verde e cristalino como aquele, lucrariamos com o ecoturismo, com uma deturpação social, e até levantariamos ponderações sobre o que é belo e o que é feio para melhorar o turismo da região. Sorte das águas verdes e cristalinas, dos recifes de corais, e de toda a comunidade de bichinhos sem vertebras; sorte que os homens não costumam ficar debaixo d'água.
Andar de escuna é muito legal, coisa de homem com dinheiro sobrando, bem incomum para mim, mas já que a escola tava pagando o ônibus eu juntei dinheiro para poder pagar a estadia la no litoral para ver os invertebrados.
Gostei de brincar de ser fotografo, é uma bela profissão, como todas as profissões, tem o lado bom e lado ruim. O lado bom de tirar fotos é registrar os momentos que você viu, tudo fica salvo na sua camera digital, e se você tiver uma polaroid ainda pode presentear o sujeito da fotografia na hora! O lado ruim é que você não costuma viver tudo o que pode, se estiver sempre segurando uma máquina.
Ainda em relação a registros, prefiro os registros escritos, com essas letrinhas bonitas, em uma boa e popular língua portuguesa. Ah, a língua portuguesa é linda, impossivel não se apaixonar por ela. Ela é tradicional, ao mesmo tempo que é contemporanea, simplesmente original, e deixa saudades.
Mas o que eu queria mesmo falar é que eu fui enfeitiçado. Não sei bem quando começou e nem sei se já acabou. Acho que começou quando minha mãe me disse eu te amo, mas não tenho certeza. Talvez tenha sido quando um mágico me disse pra eu ir em frente, sem medo, e forte como um homem deve ser, lembrando que o homem forte não machuca, nem é ferido, ele simplesmente é forte porque é confiante em sua existencia, ele é pura essencia, ele é aquilo que precisa ser, o ser.
Só sei que de uns tempos para cá ando meio estranho, tudo que me falam faz sentido na minha cabeça. As pessoas tem me dito coisas como Tome Jeito Menino, ou Vá Procurar Sua Turma, e de repente fiquei todo feliz. É bom quando as criticas não são um problema, só um fato consumado. Vou tentar explicar mais sobre esse feitiço que me pegou de jeito.
Fui enfeitiçado quando sorriram para mim, quando decidi que quero ser biólogo e escritor. Fui enfeitiçado quando me olharam com censura, e soube que precisava ser bom em algo; dai que virei mestre em biologia de conservação de Mata Atlântica e poeta. Iai, como se já não fosse o bastante, me beijaram ardentemente, e ficou claro que precisava ser mais sábio; dai que decidi ser doutor em comportamento animal e contador de histórias.
O danado do feitiço ainda não passou, mas pelo menos estou feliz. Feliz é bom, minha mãe meu pai meus avós já diziam. Feliz é um momentinho ou uma sequencia temporal que faz sua vida sintonizar com a verdade, faz tudo ter sentido.

28/10/2010 – Enfeitiçado.

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