domingo, 15 de junho de 2014

Saúdo os que reinventam la belle époque 

Dança no Moulin Rouge (1890), deHenri de Toulouse-Lautrec, Museu de Arte de Filadélfia.


Mais um dia casual na terra dos macacos, quando saio para comprar pães e me deparo com um Polako amigo. A previsão de tempo era de calmaria e alguma ansiedade por algo que nem sei bem o que. Pois bem, a conversa com o amigo é fina e sabemos que o dia apresenta suas festividades, e desta prosa é tomada a decisão de saborear os excedentes do generoso deus Baco.

Partindo da premissa que as expectativas não levam a lugar algum além de frustrações e desejos mal realizados, finco o pé na ideia de me afogar em lisergia e boas companhias. Partimos para o ponto de embarque em horário propício, por volta das quarenta para as dezessete horas.

O sítio era bem empolgante, e parecia cheio de atrativos. Muitos amigos, motivos para comemorar e drinks polêmicos. O problema de tentar enxergar todo o cenário esta em aceitar a sua pequena existência, e quase torná-la nula para assumir totalmente o papel de observador. Confesso que é uma tarefa complicada e agradável, nesta eventual situação eu tentei assumí-la após o uso de alguns aditivos.

Em algum momento onírico, propus a um miúdo amigo que imaginasse comigo – e se as pessoas não passassem de sentimentos e sentidos, cada um com sua peculiaridade e fragrância única?

Converti toda minha ação, sorrisos e olhares captados em fontes de inspiração, e assim eu consegui ver um pouco do cenário empolgante, revolucionário e desafiador que é a juventude em busca do seu eu, da sua venda de imagem e aceitação pessoal. É curioso como desenvolvemos peculiaridades de maneira mais sofisticada a cada passo que crescemos dentro de uma comunidade. As fases comportamentais, intelectuais e ideológicas de cada camará, do primeiro ao ultimo ano de graduação, e a parafernália de gestos, manias e vícios que trazemos conosco.

O sorriso cruzado, o olhar de desejo sorrateiro, a dúbia vontade carnal...
A aceitação pessoal!

E frente todo este espetáculo, quem diria, a Itália jogava contra a Inglaterra. O placar eu nem sei, porque algo de mais interessante me despertara o interesse.

Simplesmente não posso expressar em palavras o estado de satisfação ao ouvir a voz aguda no fundo, quase irritante, da mulher amada, e pela simples questão de saber que ela estava lá. Não estava por mim, e nem mesmo ao meu lado; mas estava lá, se divertindo, gargalhando como todos outros embriagados naquela dança, e aquilo me satisfazia. Se ela soubesse que só a sua voz é capaz de me levar a estados de nirvana em alguns momentos... e talvez ela saiba! A beleza de saber e aceitar a existência do outro. Sorrir os olhos dela, beija-la e brindar nossa existência. Existência essa no mesmo tempo espaço. E como posso não chegar à conclusão certa e dizer – que sorte a nossa de poder compartilhar este mundo!

2 comentários:

  1. Grande Pequeno! Grande forma de valorizar o presente, de observar, de contar seu ponto. Apreciei demais essa pintura de seu mundo!

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